Coluna Alê Alves
Estamos cansados de indignação seletiva, de manifestações de apoio em forma de nota de repúdio, hashtags, placas ou vídeos para engajar. Nada disso evita nossa dor ou resolve os crimes. Nada ser feito para coibir esse crime em campo mostra que estamos (sempre!) expostos.
A luta contra o racismo é real, precisa ser real. Na era das fakes, não parecer ser racista é melhor do que realmente não ser. Expor solidariedade na internet e não ter nenhuma atitude na vida é hipocrisia. E vivemos em uma sociedade hipócrita.
Nota de repúdio não é medida protetiva contra racista. A impunidade é cúmplice dos racistas, mesmo o esporte não se afastando dos direitos humanos, pelo menos na essência, e eles se sentem confortáveis para agir enquanto não são criminalizados e punidos.
É claro que combater o racismo não é simples e nem há fórmula mágica, mas resposta efetiva e direta contra racista provém de ações. Providência em nível institucional é mais do que obrigatório, de CBF a Fifa, de Palmeiras e Conmebol.
Conivência e negligência andam lado a lado nos recorrentes casos de racismo no futebol. A impressão que dá, pondo mais uma vez o dedo na ferida e sendo desconfortável com você, amigo leitor, é que o único foco do esporte mais popular do mundo, atualmente, é o dinheiro.
Medida enérgica? Punição pesada? Quais temos? As placas de “Basta de Racismo” da CONMEBOL não nos livram de insultos. Notas oficiais de clubes, entidades e federações não vão resolver nenhum crime. Nada disso evita nossa dor.
E como podemos confiar em qualquer medida posterior a um novo caso de racismo, sendo que o futuro já está escrito com letras garrafais de um novo crime racista? A mudança urge sair da teoria e virar prática. O racismo enriquece, é lucrativo e combatê-lo na essência exige o rompimento de algumas barreiras.
Só quem tem a carne cortada com a faca do racismo é capaz de sentir a dor profunda do preconceito racial. Um garoto de 18 anos se viu obrigado a carregar todas as atribuições que não deveriam ser dele por simplesmente ser negro.
Até quando?
Alê Alves, 25 anos, baiano da roça e estudante de jornalismo, repórter de campo da Rádio Sociedade News FM, reforçando a equipe "Os Diplomatas do Rádio". Redator do site Diplomatas News, apresentador do programa de pré-jogo aos domingos "Esperando a Bola na Rede". Estudioso da bola, aficionado por futebol americano, Fórmula 1, basquete e outros mais. Amante do futebol alternativo, e de rock, cinema e música pré anos 90.
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