Coluna Zadir Marques Porto
Muitos torcedores que vão ao imponente estádio da Fonte Nova, ou arena, como agora designam os modernos, sequer imaginam a história dessa praça esportiva acumuladora de emoções, alegrias, tristezas, decepções, confusões, enfim tudo que pode, deve e não deve ocorrer, mas ocorre em um jogo de futebol. O futebol baiano e o campeonato de profissionais com Bahia, Vitória, Ypiranga, Galícia, Botafogo, Guarani e São Cristovão, deviam sua existência ao Campo da Graça, no bairro do mesmo nome, única praça esportiva oficial da capital.
Em 1942, exatamente no dia 25 de fevereiro, era lançada a pedra fundamental para a construção do novo estádio com nome já escolhido: Presidente Getúlio Vargas. O Interventor federal nomeado Landulfo Alves de Almeida (vigésimo segundo governador da Bahia) e o secretário de Viação e Obras Públicas, Delsuc Moscoso, presidiram a solenidade à qual não compareceu a diretoria da Federação Bahiana de Futebol (FBF).
O plano era concluir as obras em dois anos, ou seja, em março de 1944, o que não ocorreu porque o novo interventor general Renato Onofre Pinto Aleixo (vigésimo terceiro governador) não deu sequência ao que fora estabelecido. Encerrado o chamado ‘período de exceção’ e vindo a redemocratização do país, Otavio Mangabeira (vigésimo sétimo governador), eleito pelo voto popular, atendeu aos anseios dos desportistas baianos retomando as obras que estavam paralisadas. A inauguração do estádio Otavio Mangabeira (Fonte Nova) ocorreu em 28 de janeiro de 1951 de forma parcial, com um lance de arquibancada para 10 mil pessoas.
Foi uma grande festa marcada pela realização do Torneio Início do Campeonato Baiano de 1951. No jogo inicial o Botafogo - cognominado ‘diabos rubros’ -, derrotou o Guarany ‘time índio’ por 1 x 0 gol marcado pelo atacante Antônio. No jogo final o Bahia com um time misto derrotou o Ypiranga por 3 x 2 e ficou com o título formando com: José, Pernambuco e Neves, Chiquinho, Giba e Gereco, Teco, Alfredo Cesarinho, Juca e Elias. O Ypiranga com: Zeca, Pequeno e Sabino, Zizo, Chaves e Raimundo, Marito, Antônio Mário, Novinha, Israel e Raimundinho.
Clube mais importante do estado na época, o Ypiranga não gostou da derrota e desafiou o Bahia para uma revanche assim que ele retornasse da excursão ao Piauí, e venceu o time titular do tricolor por 3 x 1 no dia 18 de fevereiro de 1951. O Bahia não aceitou a derrota e desafiou o ’mais querido’ para um tira-teima ou ‘negra’ como era dito na época. O Ypiranga goleou o Bahia por 4 x 1 e acabou com a disputa. Em 1951 o time auri-negro foi o Campeão Baiano, portanto o primeiro da Fonte Nova. Interessante é que em 1920 quando foi inaugurado o campo da Graça ou Estádio da Graça, o Ypiranga também foi o Campeão Baiano.
Zadir Marques Porto é jornalista e radialista.
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