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Foto: Acervo Pessoal |
Por Zadir Marques Porto* - Faixa preta oitavo dan no karatê, sétimo dan
em judô e jiu-jitsu, caminhando para os 80 anos de idade Renato Pereira o
”Escorpião de Ibirapuera
” até hoje é a grande referência de Feira de
Santana nos ringues, somando 580 lutas, desde o amadorismo em São Paulo
até 1990, quando encerrou a carreira. Tudo começou aos 15 anos em Feira, quando
teve uma divergência com Didi, que tinha “padrinhos fortes” e teve que ir para
São Paulo enfrentando dificuldades.
Menor de
idade na capital paulista era difícil trabalhar. Depois de algum tempo começou
a frequentar a Academia Rei do Ringue, dedicando-se ao box, karatê e vale tudo,
de tal maneira que logo estava no Ginásio de Ibirapuera e pela sua
competividade “venenosa” ganhou o título de “Escorpião de Ibirapuera” e como
amador fez várias lutas de boxe, era meio-médio, em São Paulo, Uruguai,
Paraguai e Argentina.
Em 1963,
voltou a Feira e desafiou Didi, que era o grande campeão local, mas a luta não
foi realizada porque o presidente da Federação de Pugilismo da Bahia,
Fauzi Abdala João pediu a revalidação da sua carteira emitida pela
Federação Paulista. Feito isso, com grande repercussão a luta foi realizada, no
Ginásio de Esportes do FTC (Feira Tênis Clube), com a vitória de Renato. Veio a
revanche no Ginásio de Esportes Antônio Balbino, em Salvador, repetindo-se o
resultado. Em 1964, nova insistência de Didi que, derrotado pela terceira vez
abandonou os ringues.
A partir daí Feira tornou-se cenário de inúmeras lutas de Renato Pereira, contra adversários poderosos como Euclides Pereira, Aquiles, Valdemar Santana, Wilson Tairowick, Demônio Cubano, Fidelão, Hilário, Demônio do Ringue, Touro Novo, Tony Arana, Jorge Marreta e vários outros. Muito bem preparado física e tecnicamente, corajoso ao extremo o “Escorpião” atraia multidões nas suas lutas. Muitos anos após ter deixado os ringues Renato foi desafiado por Zulu e derrotou o gigante que tinha sido o mais difícil adversário de Carlson Gracie.
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Foto: Acervo Pessoal |
Renato continua à
frente da Academia Atlética Feirense e observa as diferenças do tempo das lutas
livres e do atual MMA. “A única proteção era a coquilha. Valiam todos
os golpes, inclusive cabeçadas. As lutas tinham em média 10 rounds, mas
podiam não ter limites, lutando-se ao extremo”. Lembra que Ivan Gomes e
Euclides Pereira, os dois maiores nomes do país, lutaram durante quase três
horas em Juazeiro e mesmo com a insistência do público, do delegado de Polícia e
do médico para que parassem, eles não atenderam.
“Eu estava
como segundo de Euclides e por muito apelar consegui que ele parasse, estava
lavado em sangue. Euclides tinha 80 quilos Ivan 120” recorda. Renato também
teve uma luta sem limite de rounds com Fidelão que pesava 125 quilos ele 76
quilos. Todavia, a luta livre mais longa foi entre Hélio Gracie e o
japonês Kimura “foram mais de três horas de luta mesmo com Hélio Gracie com um
dos braços fraturado em três lugares. Em homenagem ao mestre japonês, Hélio
Gracie batizou de “chave Kimura” o golpe que causou a fratura do seu braço”
explica Renato Pereira, concluindo que diante do que ganham hoje lutadores do
MMA e com as rigorosas regras que os protegem se fosse agora “eu estaria
milionário!”
*Zadir Marques Porto é jornalista e
radialista.
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