sábado, 17 de fevereiro de 2024

Exclusivo: Coluna Fora Do Lance: Renato Pereira - O "Escorpião de Ibirapuera"

Foto: Acervo Pessoal


Por Zadir Marques Porto* - Faixa preta oitavo dan no karatê, sétimo dan em judô e jiu-jitsu, caminhando para os 80 anos de idade Renato Pereira o ”Escorpião de Ibirapuera
” até hoje  é a grande referência de Feira de Santana nos ringues, somando 580 lutas, desde o amadorismo em São  Paulo até 1990, quando encerrou a carreira. Tudo começou aos 15 anos em Feira, quando teve uma divergência com Didi, que tinha “padrinhos fortes” e teve que ir para São Paulo enfrentando dificuldades.

        Menor de idade na capital paulista era difícil trabalhar. Depois de algum tempo começou a frequentar a Academia Rei do Ringue, dedicando-se ao box, karatê e vale tudo, de tal maneira que logo estava no Ginásio de Ibirapuera e pela sua competividade “venenosa” ganhou o título de “Escorpião de Ibirapuera” e como amador fez várias lutas de boxe, era meio-médio, em São Paulo, Uruguai, Paraguai e Argentina.

           Em 1963, voltou a Feira e desafiou Didi, que era o grande campeão local, mas a luta não foi realizada porque o presidente da Federação de Pugilismo da Bahia, Fauzi Abdala João pediu a revalidação da sua carteira emitida pela Federação Paulista. Feito isso, com grande repercussão a luta foi realizada, no Ginásio de Esportes do FTC (Feira Tênis Clube), com a vitória de Renato. Veio a revanche no Ginásio de Esportes Antônio Balbino, em Salvador, repetindo-se o resultado. Em 1964, nova insistência de Didi que, derrotado pela terceira vez abandonou os ringues.

            A partir daí Feira tornou-se cenário de inúmeras lutas de Renato Pereira, contra adversários poderosos como Euclides Pereira, Aquiles, Valdemar Santana, Wilson Tairowick, Demônio Cubano, Fidelão, Hilário, Demônio do Ringue, Touro Novo, Tony Arana, Jorge Marreta e vários outros. Muito bem preparado física e tecnicamente, corajoso ao extremo o “Escorpião” atraia multidões nas suas lutas. Muitos anos após ter deixado os ringues Renato foi desafiado por Zulu e derrotou o gigante que tinha sido o mais difícil adversário de Carlson Gracie.

Foto: Acervo Pessoal

          Renato continua à frente da Academia Atlética Feirense e observa as diferenças do tempo das lutas livres e do atual MMA. “A única proteção era a coquilha. Valiam todos os golpes, inclusive cabeçadas. As lutas tinham em média 10 rounds, mas podiam não ter limites, lutando-se ao extremo”. Lembra que Ivan Gomes e Euclides Pereira, os dois maiores nomes do país, lutaram durante quase três horas em Juazeiro e mesmo com a insistência do público, do delegado de Polícia e do médico para que parassem, eles não atenderam. 

           “Eu estava como segundo de Euclides e por muito apelar consegui que ele parasse, estava lavado em sangue. Euclides tinha 80 quilos Ivan 120” recorda. Renato também teve uma luta sem limite de rounds com Fidelão que pesava 125 quilos ele 76 quilos. Todavia, a luta livre mais longa foi entre Hélio Gracie e o japonês Kimura “foram mais de três horas de luta mesmo com Hélio Gracie com um dos braços fraturado em três lugares. Em homenagem ao mestre japonês, Hélio Gracie batizou de “chave Kimura” o golpe que causou a fratura do seu braço” explica Renato Pereira, concluindo que diante do que ganham hoje lutadores do MMA e com as rigorosas regras que os protegem se fosse agora “eu estaria milionário!”

*Zadir Marques Porto é jornalista e radialista.

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