quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Exclusivo: "Folha seca"

Coluna Zadir Marques Porto

Com a perna direita um centímetro mais curta que a esquerda Didi (Valdir Pereira) carioca de Goitacazes, foi um dos mais completos jogadores do futebol brasileiros de todos os tempos. Seu chute de bola parada, a “folha seca”, tornou-se um símbolo da sua extraordinária técnica e jamais foi repetido por outro jogador aqui, ou em qualquer outro cenário mundial. Na “folha seca”, a bola seguia reta, pelo alto e já próximo à trave, sofria uma repentina mudança, como que caindo, sem gravidade (sem peso), deixando o goleiro perdido. Foram muitos os gols com a “folha seca” e incontáveis as trapalhadas em que se evolveram as “vitimas” os goleiros!

Nascido em 8 de outubro de 1929, em Campos do Goitacazes, começou a despertar atenção desde garoto nas peladas de São Cristóvão. O drible fácil e o chute “manhoso”, que enganava os goleiros, eram seus maiores predicados. Aos 14 anos, era o ídolo de torcedores do bairro, tanto que em uma pelada, um zagueiro maior e maldoso acertou o seu joelho direito. Com o joelho inchado, extremamente dolorido e com sinais de gangrena, um médico chegou a recomendar a amputação da perna.

Mas nesse caso que deu um drible inigualável foi dona Creusolina, avó de Didi que disse “deixe meu netinho comigo” e com rezas e uma pomada, por ela fabricada, colocou o guri em forma novamente. No início alguma dificuldade que foram desaparecendo com o tempo. Já adulto o que nunca mudou foi a numeração dos seus sapatos e chuteiras. Pé direito 41, pé esquerdo 40. Seria esse o segredo da inimitável “folha seca”?

Não se sabe. O que a historia do futebol registra é a técnica excepcional de Didi, que teve passagens marcantes pelo Madureira, Fluminense, Botafogo, Real Madrid, São Paulo e seleção brasileira, pela qual se sagrou Bicampeão mundial. Final da década de 1950, naturalmente do século passado, “tempo do onça”, dirão os jovens, com razão, o Botafogo pisou no Joia da Princesa - Estádio Almachio Alves Boaventura -, nome do prefeito da época, e enfrentou o Fluminense.

Não havia televisão, nem internet, o mundo não era globalizado e nem se falava nisso, os amistosos eram constantes e a única forma que o torcedor tinha de ver um clube de fora. Foi 1 x 0 para o Botafogo gol de Sandro Moreira, filho do técnico Zezé Moreira, cobrindo o goleiro Peri-Peri, mas a “folha seca” esteve voando no gramado em uma cobrança de falta e um escanteio. Sorte do goleiro Peri-Peri e do Fluminense já que a bola não entrou. Mas sorte da torcida, que pode ver de perto aquele craque com uma perna mais curta que a outra e um futebol mágico!

Zadir Marques Porto é jornalista e radialista. 

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