quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Negra é a mão que constrói as pontes, estradas e prédios desta nação

Coluna Alê Alves

Negra é a mão que constrói as pontes, estradas e prédios desta nação. E de negras, tornam-se vermelhas pelo sangue, pelos calor, pelo suor e esforço. 

E tem sido assim há séculos. A base pilar da nossa cultura institucionalizou-se com a raça mãe. Mas de tão forte internamente a ponto de superar calado os tantos desaforos que a vida comum traz ao preto, tardamos a ser fortes externamente para mostrar ao mundo a nossa volta o porquê dessa força ser como é, e o porquê da necessidade de continuar sendo.

E então chegamos na bola. Que de redonda é democrática, não há lado melhor nem pior. Rola igual para todos, mas não é tratada igualmente por todos. 

E sabendo o quanto o brasileiro ama esse tal de futebol, com essa mesma bola democrática e cheia de figuras idolatradas, em que momento erramos como sociedade a ponto de demonstrar ódio e querer limitar o atleta a ser só atleta dentro de quatro linhas, quando o mesmo pode ter sua voz ouvida levantando bandeiras de luta social e cunho comunitário?

Ao que me parece, tem sido mais fácil e cômodo aos intolerantes fingir que os problemas ocorridos em praças esportivas das mais variadas modalidades não possam ser tomados também por quem está dentro de campo (ou quadras, areia, ringues). Afinal eles já ganham bem demais e devem apenas se "limitar a jogar bola".

Pois bem, justamente quando embarcamos na era das mídias sociais e os atletas tem um espaço para serem vistos e ouvidos de forma a espelhar toda uma geração presente e futura, temos resistência contrária vinda justamente de quem mais deveria apoiar. 

A luta por equidade é contínua, e ser atleta é mais do que suar e tentar quebrar recordes em atividade. Mas também quebrar barreiras como a que o racismo velado e institucionalizado propõe. Que possamos usar mais as redes para ampliar o espaço de fala de quem joga bola e luta pela cor e raça que se orgulha ter. 

Afinal de conta, como diria o poeta, os idiotas podem dominar o mundo. Não pela capacidade, mas pela quantidade.


Alê Alves, 25 anos, baiano da roça e estudante de jornalismo, repórter de campo da  Rádio Sociedade News FM, reforçando a equipe "Os Diplomatas do Rádio". Redator do site Diplomatas News, apresentador do programa de pré-jogo aos domingos "Esperando a Bola na Rede". Estudioso da bola, aficionado por futebol americano, Fórmula 1, basquete e outros mais. Amante do futebol alternativo,  e de rock, cinema e música pré anos 90.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar.Querendo volte sempre!

Editorial: A torcida brasileira exige ser respeitada, senhor presidente Ednaldo Rodrigues!

Na condição de torcedor da Seleção Brasileira, sinto-me, infelizmente, em extrema tristeza. O vexame é estridente. Este é o momento. Com a a...